Carlos Vaz – Produtor, realizador, ator e argumentista

carlos vaz

by Ana Carrilho (ana.carrilho@portugalfantastico.com)

Estivemos à conversa com o encenador, realizador, dramaturgo, ensaísta e argumentista Carlos Vaz. Também proprietário na TELECINE BISSAU Produções LDA, Presidente do instituto do Cinema e Audio-Visual e Professor universitário na Lusófona da Guiné.

Com um livro publicado ” Para um único conhecimento do Teatro Africano” e o seu trabalho mais recente como co produtor ao lado do realizador João Viana, em Tabató.

Esteve presente no Festival Festin, luso independente e trouxe-nos um trabalho seu, Sexo Amor e SIDA uma curta-metragem do seu país Guiné-Bissau, que passou na sessão de curtas no dia 7 de Abril.

Autor de várias peças teatrais desde os anos 80. Viveu na Suécia, em Cabo Verde, também em Portugal, onde estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema em Lisboa e na Univ. Nova, em Comunicação.

PF: Sendo assim, chegou a trabalhar com ceneastas e actores portugueses nessa mesma altura?

Carlos Vaz: Sim, trabalhei com o realizador To-Zé Martinho, para a Atlantida; com o realizador António Pedro Vasconcelos, Nicolau Breyner e agora João Viana e outros…

PF: Trabalhou como realizador e actor na curta-metragem Sexo Amor e SIDA, sentiu alguma dificuldade?

Carlos Vaz: A conjuntura é que obriga a existirem dificuldades. Trabalhámos sem apoios do estado e sem orçamento, e tudo pela minha produtora TELECINE.

PF: Têm participado em festivais além do Festin?

Carlos Vaz: Participámos no Festival de Cinema Clap Ivoire da Costa do Marfim, e à actriz Dina Adão foi-lhe atribuído o prémio de melhor interpretação feminina. É um festival anual que reúne 16 países africanos de língua portuguesa, que participam com curtas-metragens. É dificil fazer cinema em Africa por falta de meios. Este festival como todos os festivais, é sempre uma motivação á criação. A minha produtora TELECINE foi depois contactada e convidada a participar no Festin. Temos intenção de levar o Sexo Amor e SIDA a mais festivais, o optimismo e a motivação é muita.

PF: Na Guiné-Bissau não existem apoios para a indústria cinematográfica?

Carlos Vaz: Não há apoios,não temos apoio estatal, muito menos organizações que colaborem. Por duas razões, falta de sensibilidade e falta de recursos.

PF: Apesar de toda a violência visionada na curta Sexo Amor e SIDA, vence a solidariedade humana. Porque o pensou fazer assim e não teve outro final?

Carlos Vaz: A ideia e a intenção deste filme é transmitir uma mensagem às pessoas, não se trata da informação, porque sendo um país muito ou pouco esclarecido as pessoas já sabem os métodos de prevenção do HIV.

A mensagem do filme é a valorização do relacionamento. No filme a informação fica de lado e a relação daquele casal e a cumplicidade está em primeiro lugar.

O filme não tem um final, é épico, brechtiano. Como brecht, a intenção é através deste trabalho expor a minha crítica e pensamento sobre este problema social.

PF: Como é que se preparou para vestir um personagem que descobre estar infectado com o HIV?

Carlos Vaz: Este personagem foi imaginado por mim, logo não senti dificuldade, fui eu que o imaginei. O personagem tem dupla personalidade, começa imparcial no escritório, já o vemos incomodado no carro a caminho de um café, inseguro e depois muito perturbado e desconfiado da fidelidade da sua mulher. Em todo o enredo existe um sentimento de culpabilidade.

A curta-metragem teve origem numa peça, foi quase sempre ensaiada em minha casa com a minha colega e actriz Dina Adão. A intenção foi estrear a peça no dia Mundial da Sida e assim o fizemos. Convidámos organizações inter-ligadas a este problema social. A curta-metragem surge depois daqui.

PF: O Portugal Fantástico é uma das iniciativas que está a divulgar o cinema com origem nos PALOP´S. Na sua opinião quais são os benificios dessa divulgação no nosso país?

Carlos Vaz: É sempre positivo, muito até, precisamos dessa mesma divulgação, para conhecerem-nos e ao nosso trabalho. Somos profissionais, com poucos recursos, e sem nenhum apoio, e era mesmo importante a esse nível.

Obrigada, Carlos Vaz pela sua participação com o Portugal Fantástico. 

 

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